terça-feira, 1 de setembro de 2009

medos - todo medo seria infantil?

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Continuarei refletindo os medos como heranças repassadas ou bloqueios adquiridos em experiências, que tenham causado desconforto, danos, dores físicas ou psíquicas que, vividas ou imaginadas, por si ou por outros, ficariam associadas a um dado negativo e, em complexos, afetariam em cadeia o sujeito, sua pele e suas escolhas.
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A partir disto, os traços mnêmicos (memória) mantém intacto e vivo o passado que, é atualizado, apenas e por nossa memória e desencadeia (pelo que associamos) (pela memória do episódio), a sensação de perigo, a dor sofrida e as reações ou não. Diante de um confronto análogo este medo retornaria, interferindo nas escolhas e deixando sentimentos de desconforto e insegurança ou uma desconfiança sem medida que poderia causar uma angústia em maior ou menor grau ou até mesmo insuportável, paralisante, autodestrutiva. As reações e os efeitos nocivos ao equilíbrio são distintas entre as pessoas. Decidi novamente pensar este medo que resulta da e na insegurança. Mas se falamos em passado e memória, seria pertinente cogitarmos que alguns germens teriam sido plantados, no tempo em que ainda éramos crianças? E nesta hipótese, todo medo seria infantil?
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Proponho que, juntos, pensemos o temor que por vezes ocorre diante de coisas que já sabemos mas também aquele que sentimos ao imaginarmos ou temermos o desconhecido. Por medo, deixamos de fazer as escolhas centradas em nós e escolhendo com base no outro, deixamos oportunidades para trás e por temor de perder, ficamos reféns e esquecemos que o acaso poderá nos tomar com a mesma intensidade ou dor. Aqui um ponto que nos cabe pensar: quais são os parâmetros às nossas escolhas? Ou de outro modo, seriam experiências passadas que nos servem nas escolhas?
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Para que possamos unir experiências e integrar idéias, proponho às peles que, leiam, reflitam e deixem as suas impressões, sobre o que pensam acerca das variações entre o medo primordial à preservação, sobrevivência, perenidade e outro medo, que sendo imaginário, emocional, subjetivo, escaparia ao poder e controle, causando instabilidade e insegurança. Medos, tem intensidade e localização variada. Poderia o medo desestabilizar ou em extremos, encarcerar potentes estruturas que a partir da insegurança, estariam frágeis, vulneráveis, instáveis? Na tentativa de explicar o medo infantil, decidi pensá-lo como uma espécie de instância anônima à qual, diante de situações reais de confronto, iminentes, latentes ou imaginadas, poderíamos identificar a origem, apenas sentir e nos paralisar, ou não. Medo nos remete a um desamparo primordial, algo que, sem nome, guardamos inato ou no intimo. Fortes em muitas situações, poderemos nos ver impotentes diante de acasos, destinos, perdas e uma enorme lista de fatores. Considerando ser primordial, e atribuindo que nos referiremos às experiências pregressas, ousarei perguntar às outras peles: não importando a idade, todo medo seria infantil?
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Diante da insegurança que decorre do medo, do descontrole emocional e pressa que acomete no momento e sob a premissa de nos protegermos, e nos defendermos, poderíamos pensar que os medos tenderiam a interferir nas escolhas? Ou o medo seria resultante de uma baixa inteligência emocional (IE)? Esta seria uma face positiva do medo ou ele seria um obstáculo aos fortes, potentes e racionais? Sob este argumento, o mesmo instinto que preserva a vida, se inseguros, nos paralisaria diante da escolha necessária à nossa sobrevivência?
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Pensei - se for assim, o mesmo medo que nos protege, nos inibe, paralisa, cega a capacidade de discernimento e controle do pensamento e emoção. Sob o efeito do medo originário e, decorrente dos complexos evocados pela memória, ocorreria a diminuição da capacidade de escolha e o aumento da insegurança. Assim, restaria como herança, a angustia de, perante uma situação de escolha, não saber lidar, temer perder a melhor opção ou sofrer longamente as dores sabidas e insabidas se houvéssemos tomado um outro caminho. A partir disto, os danos, equívocos, efeitos nocivos ou culpas, ficam novamente associados e localizados em fatos e pessoas que estejam envolvidas nas situações e contextos que, novamente, com mais um dado se atualiza e aumenta na memória os medos e as culpas. Pensando em culpas e medos, voltemos a questão inicial, todo medo seria infantil?
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Somos criadores do nosso pensamento e se somos e se o passado só existe em nossa memória, poderíamos modificá-lo em nosso pensamento e assim nos libertarmos e nos sentirmos centrados, seguros e auto confiantes. Poderíamos controlar o medo sendo mais inteligentes emocionalmente?
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Mai

18 comentários:

lula eurico disse...

Há o medo imemorial, antiquissimo, mas esse eu suponho instintivo, que nos ajuda a resolver rapidamente situações que ponham em risco a nossa integridade.
Há outros medos, no entanto, surgidos na infância, a depender de como é trabalhado o nosso imaginário. Finalmente, há o medo adulto, nascido da compreensão da realidade, da nossa finitude, da nossa fragilidade... esse último, creio eu, pode ser alvo da inteligência emocional.

Abraço fra/terno.

Mateus Araujo disse...

A alma controla o corpo, o corpo depende da alma, o cérebro é parte do corpo, portanto controlamos os pensamentos, medos são meio pensamento, meio sentimento,nestes meio divididos em muitas partes e a infância vivida está na memória, que é o barquinho que passeia entre os dois. Saber navegar sempre para o lado certo.na hora certa. Poder controlar tudo nós podemos, conseguir é para poucos. infelizmente.

Sandra Costa disse...

terminaste teu post com um questionamento interessante. eu acho que sim. e já ia escrevendo algo, mas vi o finalzinho do comentário anterior, que diz

'podemos controlar tudo, no entanto ter esse domínio é para poucos'.

concordo com isso também. apesar de saber que não há muita mágica, mas podemos passar a vida inteira com um bloqueio e não conseguirmos ter a cura. é estranho, não sou gabaritada para opinar sobre isso.

Bia disse...

Fantástico como escreve bem!
mas digo: BEM DEMAIS!

O medo ME IMPULSIONA, pois olha só o que ele pode fazer:

O medo é uma linha que separa o mundo...
O medo é uma casa aonde ninguém vai...
O medo é como um laço que se aperta em nós...
O medo é uma força que não me deixa andar...
O medo é uma sombra que o temor não desvia...
O medo é uma armadilha que pegou o amor...
O medo é uma chave, que apagou a vida...
O medo é uma brecha que fez crescer a dor...

BÀRBARO!!

E acredito sim...que se formos mais inteligentes emocionalmente, passamos a controlar mais estes medos...


Um beijo com muito amor e lhe convido à estar lá em meu cantinho, onde escrevo as minhas verdades com muito amor, alegria, medos, tristezas, graças....e tudo o mais que me der vontade!

Lindo feriado para vc!

Biazinha

http://olhardentrodosolhos.blogspot.com

*passo a lhe segiur desde já!!

ONG ALERTA disse...

medo faz parte do nosso desenvolvimento, faz parte do que não conhecemos mas tem situações na vida que nos tira esta palavra do dicionário a aprendemos que medo na real não existe...

Sandra Costa disse...

hum.. voltei e li de novo.
seria o medo apenas uma programação?

hehe.
eu ando num momento meio Matrix, saca?

hehe.
falta-me apenas o Keanu Reeves. =)

p.s.: mas a pergunta é séria. medo é programação?

Estrela disse...

Mai,
foi muito bom ler esse texto que fala sobre o medo...devo confessar que tenho sim alguns medos.
Alguns dele consegui me paralisar...tipo eu queria falar, expôr meus sentimentos verbalmente, mas sei lá o que acontece eu travo...deixo sempre o outro falar e eu vou seguindo a vida me calando p/ mundo e p/ mim mesmo.
Virei fã...volto sempre.
Bjs Juliana

Cadinho RoCo disse...

São muitas as indagações sobre o medo e direi ate ser o medo um grande indagador. Mas há também um elemento de respeito a nutrir o medo que de alguma maneira nos oferta com referências por vezes oportunas.
Cadinho RoCo

TERE disse...

Bjs, Mai com afectos e os meus medos...
Tere

nydia bonetti disse...

O medo paralisa. O medo nos impede de ser feliz. O medo nos salva. Há medos e medos. Temos que ser maiores do que todos eles.

beijo, Mai.

Unknown disse...

Medo !!!

Sempre tive medo de ter medo.
Sempre tive medos...
medo de ser gente,
medo de como me apresente,
medo de deixar de ser inocente,
medo de ser culpado,
medo de ir para outro lado,
medo de não ser escutado, e...
sobretudo...
medo de nunca ser amado.

****
Mai, por favor visite o meu blogue e verá que tive a ousadia de incluir posts seus sem sua permissão.
Peço encarecidamente que me desculpe e se houver algo em contra o que eu fiz, me infome que eu os retirarei.
Queira receber os meus melhores cumprimentos e...
"Faça o favor de ser feliz"

Luísa disse...

Medo!

M...ais que ter medo
E...ser o próprio medo
D...entro de cada um de nós
O...bscuro e sombrio mora o MEDO!


Racionalizo-o sempre que o sinto, numa tentativa saudável de o poder encarar!

Adorei ter cá estado, sem medo, tendo seguido o convite do estimado amigo António Oliveira!

Beijinho terno com promessa de voltar mais vezes!

Luísa disse...

Medo!

M...ais que ter medo
E...ser o próprio medo
D...entro de cada um de nós
O...bscuro e sombrio mora o MEDO!


Racionalizo-o sempre que o sinto, numa tentativa saudável de o poder encarar!

Adorei ter cá estado, sem medo, tendo seguido o convite do estimado amigo António Oliveira!

Beijinho terno com promessa de voltar mais vezes!

Tânia Marques disse...

Sobre o medo!
Também tenho um post sobre esse assunto no Palavras e Imagens. Assim como você, também fiz alguns questionamentos e falei dos patológicos. Beijo

meioambienteabertoleiseabusos.blogspot.com disse...

Perfeito! a realidade é pervertida e mascarada. Os rótulos, as copias, substituem os produtos e, devido ao discernimento confuso, passaremos a confiar na eficácia das coisas, "produtos".
Gostei muito.
Abraços,
Arturo

Maria Luisa Adães disse...

"Poderiamos controlar o medo sendo mais inteligentes emocionalmente?"

Sinto que não!
Enquanto a memória existir ela nos transmite quando menos esperamos,
os fantasmas dos nossos medos.

E há medos muito graves (falo por mim - não pelos outros)tão graves
que quando se morre, vão connosco.

Belo texto!

Beijos,

Mª. Luísa

Myrela disse...

Olá!
Vim retribuir a visita e aqui não há poesias. Deparei-me com textos surpreendentemente densos e assuntos que, apesar de interessantes, não costumo abordar, pelo menos não sob essa ótica psicológica tão presente nos teus textos.
Percebi que tens um mote que é discutir a essência humana. Isso é instigante também pra mim. Mas estudo esse tema por outro ângulo. Pra mim a essência solidária, audaz, criativa e construtiva do seres humanos é oprimida pela alienação de sua própria natureza e também a alienação diante daquilo que ele("homem e mulher") produz para humanidade. Dado fim à sociedade que impõe uma aparência do ser humano ruim e imperfeito, estará dada a oportunidade do fim do medo e da infelicidade. Tenho "uma fé" programática nisso...

Sylvio de Alencar. disse...

O medo instintivo não é infantil, alguns que fazem parte de nosotros são naturais.
O resto, é infantil: aqueles que advém da falta de consciência própria e do meio em que vivemos - e aqueles que nos metem na cabeça a partir do momento em que abrimos os olhos neste planeta.